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Paulo Storani

Ex-capitão do BOPE, inspiração do filme Tropa de Elite e referência em liderança de equipes de alta performance

Paulo Storani
Paulo Storani - Ex-capitão do BOPE

JCD: Quem é Paulo Storani?


Paulo Storani: Um brasileiro de 62 anos nascido em Nova Friburgo-RJ, casado com a incomparável Márcia e pai da extraordinária Camila e do saudoso e inesquecível Pedro.


Autor do livro Vá e vença Decifrando a Tropa de Elite

JCD: Quanto tempo você ficou no Bope?


Paulo Storani: Próximo a cinco anos de serviço.


JCD: Por que você saiu do Bope?


Paulo Storani: Fui aprovado em um concurso para professor da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro. Decidi, então, encerrar minha carreira na PMERJ.


JCD: Como foi trabalhar na Secretaria de Segurança em São Gonçalo?


Paulo Storani: Após os resultados como Diretor de Recursos Humanos da Guarda Municipal do Rio de Janeiro, pelo desempenho como assessor dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro e em razão da performance na pós-graduação em Administração Pública na FGV, surgiu o desafio de ser secretário de Segurança Pública em São Gonçalo-RJ.


Paulo Storani - Tropa de Elite
Paulo Storani - Tropa de Elite

JCD: Como foi o convite para colaborar na consultoria do filme Tropa de Elite?


Paulo Storani: Deveu-se ao fato de ter sido entrevistado pelo Zé Padilha, quando ele pesquisava a história do BOPE para seu então documentário, pela minha experiência como instrutor da unidade de Operações Especiais e em razão dos estudos que eu realizava para durante o mestrado em antropologia na Universidade Federal Fluminense.


JCD: Como você vê hoje a atuação da polícia militar no Rio de Janeiro?


Paulo Storani: A corporação está em sua extensão máxima de atuação se consideramos a demanda de serviços e sua capacidade estrutural de atendê-la. Soma-se a essa grave situação o aumento da criminalidade, uma legislação permissiva, tolerante e complacente e a ausência de políticas públicas de longo prazo para intervir nas causas do problema.


JCD: Na sua opinião a PM está totalmente despreparada?


Paulo Storani: Está totalmente preparada diante de suas limitações de recursos humanos, tecnológicos e logísticos.


JCD: Muitos milicianos são ex pms você acredita que esses milicianos saíram da pm por não serem valorizados?


Paulo Storani: Muitos eram da PM, mas acabaram presos ou mortos. Os poucos existentes terão o mesmo fim, mas a maioria dos milicianos hoje não tem origem na PM. Mas aqueles que se desviam de suas funções não tem relação de não terem sido valorizados, são, simplesmente, pessoas oportunistas de caráter frágil e de valores morais fracos ou inexistentes, como sempre vimos na sociedade brasileira de forma geral, e na política de forma particular.


JCD: Porque não existe mulher no Bope? Teria alguma possibilidade de ter?


Paulo Storani: Existem várias funções burocráticas e apoio operacional. Nos cursos de capacitação operacional nunca houve proibição ou restrição.


JCD: Porque as políticas públicas não conseguem acabar com a criminalidade?


Paulo Storani: Porque elas não atuam nas causas dos problemas sociais, somente em suas consequências. Limitam-se a discursos ou ações eleitoreiras de curto prazo e quando algo mais profundo é proposto ocorre uma resistência criminosa por parte de partidos no Congresso Nacional e mobilização de uma mídia conivente.


JCD: Algumas pessoas acham o Bope agressivo, você acha que se o Bope não fosse assim não teria tanto respeito como tem atualmente?


Quem determina o que é uma Missão não é quem impõe a tarefa, mas quem a recebe, decide cumpri-la e faz o seu melhor

Paulo Storani: O respeito que o BOPE conquistou está em sua virtude de controlar sua agressividade, que é um de seus mandamentos. Se fosse inofensivo não teria respeito de ninguém, e estaríamos falando, agora, de sua inutilidade para o cumprimento de sua missão.



Paulo Storani - Construido um Tropa de Elite
Paulo Storani - Construido um Tropa de Elite

JCD: O capitão Nascimento do Filme Tropa de Elite foi inspirado na sua vida no Bope?


Paulo Storani: Foi inspirado nas experiências de alguns oficiais do BOPE naquela época retratada, eu sou um deles.


JCD: Porque você não concorda com as políticas públicas do Marcelo Freixo?


Paulo Storani: Gosto pessoalmente do Freixo e o respeito, mas ele nunca implementou nenhuma política pública, que é algo muito mais além de apresentar idéias, geradas em uma matriz ideológica de partidos políticos, incapazes de indicar qualquer tipo de sucesso em qualquer parte do mundo.


JCD: Qual a operação mais perigosa que você fez no Bope?


Paulo Storani: A próxima missão.


JCD: Qual o Déficit da PM?


Paulo Storani: Estima-se algo em torno de 20 mil policiais, se considerarmos a previsão legal com o efetivo real. Este dado não é oficial.


JCD: O treinamento para entrar no Bope é similar ao do filme Tropa de Elite?


Paulo Storani: É muito mais exigente do que o apresentado no filme.


JCD: Qual é a missão do Bope?


Paulo Storani: Atuar em ocorrências policiais que estão acima da capacidade técnica, física ou psicológica dos policiais ordinários.


JCD: Suicídios vitimam mais os policiais do que os confrontos em serviço. Falta apoio psicológico para esses policiais?


Paulo Storani: A demanda de apoio psicológico é muito maior que a capacidade da PMERJ de atender. Esta situação é agravada pelas características das novas gerações, cada vez mais dependente de apoio psicológico. Isto não é uma crítica, trata-se de uma observação tb verificada nas empresas.


Paulo Storani - Palestra
Paulo Storani - Palestra

JCD: O que você está fazendo pós Bope?


Paulo Storani: Sou antropólogo, trabalho com cultura organizacional para empresas e organizações por meio de consultorias, conferências e palestras.


JCD: Qual o conselho que você daria para uma pessoa que quer ingressar no Bope?


Paulo Storani: Defina sua Missão, Planeje a melhor forma de cumpri-la, Prepare seu corpo e sua mente, Faça sempre o seu melhor, e aprenda continuamente com o que fez.


JCD: Já pensou em ter um podcast para falar sobre segurança pública?


Paulo Storani: Sim.


JCD: Missão dada é missão cumprida?


Paulo Storani: A Missão é aquilo que se define pelo grau de importância que atribuímos ao que precisa ser feito; pode ser comandar uma grande operação, ajudar uma pessoa na rua ou proteger nossos filhos. Sim, sempre será cumprida.


Entrevista - Luciana Perez


 

Paulo Storani


Casado e pai de dois filhos, ex-capitão do BOPE, inspiração do filme Tropa de Elite e referência em liderança de equipes de alta performance.


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